APESAR
DE TUDO, MARIA O CARREGAVA EM SEU VENTRE
Por conta
das querelas teológicas e políticas envolvendo católicos e protestantes, estes,
com o passar dos séculos, parecem ter esquecido o testemunho de fé de Maria. De
fato, dadas suas desavenças com os movimentos marianos, os protestantes ou os
movimentos cristãos não católicos dirigem seu olhar a Maria com certa
desconfiança, para não serem confundidos com aqueles.
Porém,
devemos ressaltar que ainda que não comunguemos com os dogmas da Imaculada Conceição
ou a Assunção, não podemos esquecer do grande testemunho de fé que Maia nos deixou.
Para tano, basta corrermos as páginas dos Evangelhos para tão logo nos saltar
aos olhos sua história de resignação.
Surpreendida
pelo anúncio dado por Gabriel de que conceberia o Redentor, Maria sente-se
confusa, haja vista ainda ser uma virgem. O anjo logo lhe conforta ao dizer que
aquela obra seria uma ação do Espírito Santo, contrariando a via natural para
um nascimento comum. Sem maiores hesitações, a virgem escolhida logo exclama: “Eu
sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1.38)
Doravante,
até o nascimento de Cristo, não seriam poucos os padecimentos sobrevindos à
Maria por conta daquela sua gravidez incomum. A primeira grande crise por ela
enfrentada foi de caráter conjugal. José, seu esposo, assim que soube de sua
gestação intentou abandoná-la. Para guardá-la dos impropérios daquela
sociedade, e até mesmo de uma lapidação, José resolve fugir como que assumindo
uma paternidade que não era sua. Advertido em sonhos por um anjo, ele logo
retorna ao seio de sua amada (Mt 1.18-25).
Ora,
não fosse o acolhimento de José, a virgem grávida correria grande risco de
morte, já que a suposição de um adultério seria penalizada com o apedrejamento.
Todavia, mesmo diante desse risco, Maria não hesita em abortar o filho que
esperava nascer.
Ainda
nos dias de Orígenes, filósofo cristão de Alexandria, em que viveu no século I,
permite-nos ampliar a dimensão do quanto Maria sofreu por conta daquela sua
gravidez. Incapaz de aceitar uma obra do Espírito Santo, a imaginação ímpia
logo tratou de populariza a ideia de que Maria tivera um caso adulterino com um
soldado romano chamado Pantera.
Enfim,
ainda que tenha sofrido acusações que ofendiam suas virtudes morais; mesmo à
iminência de perder seu esposo, seu filho e a própria vida, Maria cumpriu incondicionalmente
aquilo que Deus havia proposto-lhe. Diante de todas as adversidades que lhe
sobrevieram, Maria em momento algum pensou em abortar a criança que em seu
ventre se encontrava.
Quantas
lições não aprendemos com ela! Ora, por muito menos ensaiamos abandonar nossa
fé e abortar de nossa alma o Cristo que lá habita. Diante dos desconfortos que
julgamos ser decorrentes de nossa vida cristã, ameaçamos romper nossa relação
com o Redentor, abandonando-o durante a caminhada. Retomemos o exemplo de Maria
que, mesmo sob o peso de uma gestação que tantas consequências poderia trazer-lhe,
não abortou o Cristo dentro de si. Que nesta noite de natalícia possamos
renovar nossos votos de amor a Cristo, prometendo-lhe levá-lo em nossas almas
ainda que as circunstâncias sejam as mais hostis.
Graça
e Paz a todos, e um feliz Natal
Pr.
Luis Claudio
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