AINDA
SOBRE OS PASTORES E O MENINO JESUS
O
prestígio que a literatura bíblica tributou à figura do pastor não concorre com
sua importância social. Figuras notáveis da história de Israel, como Moisés e
Davi, para não falarmos de outras, desempenharam o ofício de pastor. Contudo, a
sociedade judaica dos dias de Jesus não conservava por seus zagais o mesmo
apreço. Resta que o testemunho de um pastor sequer possuía validade jurídica,
uma vez que era excluído, por sua condição social, dos processos nos tribunais.
Porém,
são os pastores que vemos naquela manjedoura, adorando o menino Jesus. Ali não
se encontrava um fariseu ou qualquer outra personagem ilustre da cena judaica.
Não veremos naquela gruta um ministro do templo nem uma grande autoridade
política. Pessoas desta envergadura encontramos conspirando contra o Cristo.
Vociferam contra ele ávidas em vê-lo pendurado na cruz.
Na
manjedoura veremos apenas humildes pastores, homens sobre os quais pesavam os
impropérios do descaso. Todavia, recebem do anjo, naquela que parecia uma noite
qualquer, o memorável anúncio: ”Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o
Cristo-Senhor” (Lc 2.11).
Deus
agora busca agregar em torno de si, homens que por conta de sua condição social
parecem identificar-se com os rincões do mundo. Homens sobre os quais pesavam
os estigmas da discriminação. Homens que não ocupavam os melhores lugares no
Templo ou nas sinagogas, separados que estavam dos demais por abismos que nossa
mediocridade cava.
Se há
uma novidade que logo se percebe no Cristo em sua mais tenra idade, ela
consiste no desejo de Deus em romper entre os homens as distâncias que lhes
separam. É este seu desejo que conduz aqueles pastores a uma simples manjedoura
que, naquela noite, tornava-se o centro do universo, de onde jorravam as
primeiras correntes da graça celestial.
Graça
e Paz a todos
Pr
Luis Claudio
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