domingo, 9 de março de 2014


CAMINHAR COM AMOR, EIS A CHAVE DE UM VERDADEIRO DISCIPULADO

 

A passagem bíblica que hoje evocamos encontra-se no Evangelho Segundo João, em seu sexto capítulo. A cena se passa numa campina de Cafarnaum, cidade pobre na região da Galiléia. Ao redor de Cristo formou-se uma multidão que, sabendo dos sinais que havia realizado, acorrera ao seu encontro a fim de alcançar alguma benesse. Comovido pela fome que grassava entre aquelas pessoas, Cristo multiplica cinco pães e dois pequenos peixes. Diante daquele portento, as pessoas que se apinharam pela campina propuseram fazer do Cristo o seu rei. Renitente àquela intenção popular, o Redentor retirou-se para orar ao Pai. Ao retornar, trazia consigo o discurso que o identificava como o “pão da vida” (Jo 6.48).  

Os ânimos acalorados da multidão logo arrefeceram, quando sobrepôs ao pão físico o pão celeste que sacia a alma. o povo então começou a se dispersar. Ao ver que apenas os doze apóstolos ficaram, Cristo volta-se para eles e os instiga também a seguir seu próprio caminho, se estivessem arredios à verdade que ele lhes comunicara. Pedro, então, toma a frente dos demais e confessa não ter outro lugar para ir, porque somente Cristo tinha palavras de vida eterna (6.68).

A fala que Cristo dirige aos doze apóstolos coloca-nos diante de algumas verdades. Mas o que me chamou a atenção mais recentemente sobre seu discurso foi sem tom desprovido de qualquer apelativo. Em nenhum momento Cristo amedrontou aqueles homens, elencando as consequências se eles o deixassem. Não insuflou no coração daqueles homens o medo, decorrente de ameaças das mais diversas naturezas e formas.

Cristo sabe ser meigo até quando se irrita, diferentemente de muitos pregadores em que a ira sobressai até mesmo quando ensaiam algum gesto delicado. Não diviso o espírito cristão na fala de bispos e apóstolos que, tomados por insegurança e obsessão por controle, intimidam seu auditório. Afirmam que todos que deixarem aquela comunidade serão varridos da graça e benção de Deus. Terão que suportar um ostracismo desesperador, e perambularem como sombras perdidas numa espécie de limbo existencial.

O mecanismo utilizado por estes líderes me faz lembrar os meios empregados pelas facções criminosas. Quando algum membro dessas facções aventa abandoná-las, não o faz sem sofrer ameaças que coloquem em risco sua vida e a de seus familiares. Em certos grupos evangélicos as ameaças apenas são espiritualizadas, mas as consequências são bastante aparentadas. Ouço seus líderes afirmarem que, se “deixarem aquela sombra apostólica”, seus membros amargarão, juntamente com seus familiares, dissabores diversos.

Em Cristo o discurso não tem as cores da ameaça, porque ele deseja que seus discípulos o sigam por amor, e não coagidos pelo medo e o terror. Sua relação com eles deve estar vincada no desejo mais profundo da alma de estar perto de seu Criador. E aqueles para os quais fala, antes de ser um produto sobre o qual se exerce uma relação de posse, são, acima de tudo, homens que, até mesmo no ato de rejeitá-lo, merecem seu respeito e decoro.

 

Graça e Paz a todos!

 

Pr. Luis Claudio    

      

          

 

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