CAMINHAR COM AMOR, EIS A
CHAVE DE UM VERDADEIRO DISCIPULADO
A passagem bíblica que hoje
evocamos encontra-se no Evangelho Segundo João, em seu sexto capítulo. A cena
se passa numa campina de Cafarnaum, cidade pobre na região da Galiléia. Ao
redor de Cristo formou-se uma multidão que, sabendo dos sinais que havia realizado,
acorrera ao seu encontro a fim de alcançar alguma benesse. Comovido pela fome
que grassava entre aquelas pessoas, Cristo multiplica cinco pães e dois
pequenos peixes. Diante daquele portento, as pessoas que se apinharam pela
campina propuseram fazer do Cristo o seu rei. Renitente àquela intenção
popular, o Redentor retirou-se para orar ao Pai. Ao retornar, trazia consigo o
discurso que o identificava como o “pão da vida” (Jo 6.48).
Os ânimos acalorados da
multidão logo arrefeceram, quando sobrepôs ao pão físico o pão celeste que
sacia a alma. o povo então começou a se dispersar. Ao ver que apenas os doze
apóstolos ficaram, Cristo volta-se para eles e os instiga também a seguir seu
próprio caminho, se estivessem arredios à verdade que ele lhes comunicara. Pedro,
então, toma a frente dos demais e confessa não ter outro lugar para ir, porque
somente Cristo tinha palavras de vida eterna (6.68).
A fala que Cristo dirige aos
doze apóstolos coloca-nos diante de algumas verdades. Mas o que me chamou a
atenção mais recentemente sobre seu discurso foi sem tom desprovido de qualquer
apelativo. Em nenhum momento Cristo amedrontou aqueles homens, elencando as
consequências se eles o deixassem. Não insuflou no coração daqueles homens o
medo, decorrente de ameaças das mais diversas naturezas e formas.
Cristo sabe ser meigo até
quando se irrita, diferentemente de muitos pregadores em que a ira sobressai
até mesmo quando ensaiam algum gesto delicado. Não diviso o espírito cristão na
fala de bispos e apóstolos que, tomados por insegurança e obsessão por
controle, intimidam seu auditório. Afirmam que todos que deixarem aquela
comunidade serão varridos da graça e benção de Deus. Terão que suportar um
ostracismo desesperador, e perambularem como sombras perdidas numa espécie de
limbo existencial.
O mecanismo utilizado por
estes líderes me faz lembrar os meios empregados pelas facções criminosas. Quando
algum membro dessas facções aventa abandoná-las, não o faz sem sofrer ameaças
que coloquem em risco sua vida e a de seus familiares. Em certos grupos
evangélicos as ameaças apenas são espiritualizadas, mas as consequências são
bastante aparentadas. Ouço seus líderes afirmarem que, se “deixarem aquela
sombra apostólica”, seus membros amargarão, juntamente com seus familiares,
dissabores diversos.
Em Cristo o discurso não tem
as cores da ameaça, porque ele deseja que seus discípulos o sigam por amor, e não
coagidos pelo medo e o terror. Sua relação com eles deve estar vincada no
desejo mais profundo da alma de estar perto de seu Criador. E aqueles para os
quais fala, antes de ser um produto sobre o qual se exerce uma relação de
posse, são, acima de tudo, homens que, até mesmo no ato de rejeitá-lo, merecem
seu respeito e decoro.
Graça e Paz a todos!
Pr. Luis Claudio
Nenhum comentário:
Postar um comentário